A Bíblia ensina que somos peregrinos e forasteiros (1 Pe 2.11), que
este não é nosso lugar. Somos estranhos em terra estranha. É claro que
moraremos na Nova Terra futuramente, mas ela será nosso lar quando se
tornar o lar de nosso Senhor. Por enquanto, devemos ter olhos para outro
lugar. Como Abraão, esperamos a “cidade que tem fundamentos, da qual o
artífice e construtor é Deus” (Hb 11.10) e como Paulo dizemos que “nossa
pátria está nos céus” (Fp 3.20).
Isso significa que nossa identidade primariamente não vem de onde
nascemos, do que fazemos, das coisas que aprendemos ou do quanto temos. É
muito fácil acharmos que o que nos define são coisas tão importantes
quanto o local de nascimento e a igreja que frequentamos ou coisas
pequenas, como uma “tribo” ou um time de futebol. Para os jovens, por
exemplo, os gostos culturais tornam-se fator de união e separação. A
maioria de nós já foi (ou ainda é) assim, respeitando ou desprezando
pessoas pelo fato de eles gostarem de certa banda, certo diretor, certo
autor.
Um sinal de que estamos “habitando na terra” é sentir-se confortável
demais com padrões e gostos da nossa cultura. Veja: sem problemas
assistir filmes, seriados, ler quadrinhos e ouvir música (falando de uma
maneira geral). Mas será que, às vezes, não fica cansativo ver tanta
mensagem humanista, tanta irreligião, tamanho desprezo pelas coisas
celestiais em obras de qualidade (e em obras sem qualidade também)? É
como ser brasileiro e não se incomodar com um comentarista que passa o
jogo todo elogiando a seleção da Argentina, a torcida hermana e até a própria nação platina. Uma hora cansa. Se não cansa ou ofende, más notícias: você provavelmente é argentino.
Já reparou que habitar tem o mesmo radical de hábito e habitat? E aí está o problema. Talvez essa terra estranha tenha se tornado nossa casa.
de: http://iprodigo.com/textos/estranhos-em-uma-terra-estranha.html
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